domingo, 28 de março de 2010

EMRC e Catequese


Ouve-se, por vezes, e com alguma frequência, tanto por parte de pais como de alunos, afirmações do tipo: “Ando na catequese, não preciso de ir a Moral”; “Já fiz a comunhão, para quê frequentar a aula de Religião?”
Ora bem, existe alguma confusão e até mesmo ignorância relativamente a esta matéria. EMRC e Catequese, embora operando sobre a mesma realidade não são a mesma coisa, não são alheias e uma não exclui nem supõe a outra, quando muito, completam-se. Vejamos então o domínio específico de uma e de outra.
A EMRC é:
- Disciplina escolar, como as outras:
• com a sistematização e o rigor das outras disciplinas.
• com a seriedade e profundidade (na apresentação da mensagem cristã)
• em diálogo interdisciplinar (e não como um acessório)
- Tem por objectivo ajudar a compreender a mensagem cristã em relação:
• aos grandes problemas existenciais
• às diferentes visões do mundo presentes na cultura (dadas pelas outras disciplinas)
• aos problemas morais fundamentais da humanidade
O Papa João Paulo II afirmou, a propósito desta disciplina, que o Ensino Religioso Escolar (EMRC) constituía um contributo valioso para a construção da Europa, cuja matriz é cristã. A pessoa humana está no seu centro e, como tal, deve formar personalidades ricas em interioridade, dotadas de força moral, abertas à justiça, solidariedade e paz, capazes de orientar bem a sua liberdade. A disciplina de EMRC tem por meta a formação integral e deve realizar-se de acordo com as finalidades da Escola. A EMRC deve promover o conhecimento da fé cristã, segundo os métodos e finalidades da Escola (acto de cultura), dar a conhecer o património do cristianismo, de forma documentada, em diálogo aberto, garantindo o carácter científico do processo didáctico próprio da Escola. Deve também levar à redescoberta da matriz cristã da Europa, evidenciar as realizações históricas da fé cristã: espirituais, éticas, filosóficas, artísticas, jurídicas e políticas
A CATEQUESE, por sua vez, tem como finalidades:
• a iniciação ou amadurecimento da Fé pessoal ou comunitária,
• a busca das razões de pertença a uma comunidade,
• a experiência de comunhão, confessante e celebrativa da fé.
A sua linguagem é própria da comunidade eclesial: símbolos da fé, publicamente confessados e professados, com terminologia própria, celebrativa e ritualizada. A sua metodologia encontra-se integrada e articulada com o processo de evangelização e de pastoral da comunidade eclesial.
Sintetizando diríamos que: A EMRC tem por finalidade o conhecimento do fenómeno da religião; a Catequese, o acto de fé.
A EMRC ensina aquilo em que a Igreja acredita, a Catequese ensina a acreditar no que a Igreja ensina.
A EMRC fornece um conhecimento, um saber teórico; a Catequese propõe uma experiência, uma sabedoria prática.
A EMRC faz uma interpretação racional e histórica; a Catequese faz uma proposta de vida.
A EMRC elabora os seus saberes com a ajuda dos instrumentos próprios da pesquisa científica; a Catequese é uma sabedoria imediata (não lhe falta o momento da mediação cognoscitiva, mas esta não é decisiva para a fé: o fiel não acredita porque conhece, mas sabe acreditando).
Exemplificando: A propósito do tema “Oração”. Na aula de EMRC o professor fala aos seus alunos do que significa orar para os cristãos; na Catequese, o catequista ensina não só, o significado da oração como igualmente ensina a orar.
Na Catequese há endoutrinamento, na EMRC, não.
Na EMRC a qualificação profissional do professor é garante da sua competência e da sua presença na escola.


José Felisberto

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